Thursday, August 23, 2007

III · Depois do cruzamento...

Olho para trás e, mais uma vez, apercebo-me de como o tempo passa de um modo vertiginoso nesta viagem!

Passaram cinco luas entretanto... desde a altura em que me questionava sobre o momento certo para escolher. Seria um momento preciso (um instante num cruzamento?) ou seria um longo momento (um desvio gradual)? E para quando?

Algures no tempo comecei a discernir as opções...
* Podia permanecer na mesma órbita (com uma esperança ultra-secreta de um dia vislumbrar um sorriso que me fizesse ter vontade de aterrar). Mas esse caminho circular levar-me-ia sempre ao ponto de partida, onde seria novamente confrontada com a necessidade de escolher outro percurso.

* Podia esvaziar a minha nave interplanetária de memórias passadas e assim ficar mais leve... e voar noutra direcção, numa trajectória livre!

* Podia deixar-me apanhar por uma outra órbita e ser levada a conhecer um outro mundo. Outros encantos, outras surpresas, outras vidas... Mas esse seria o caminho mais fácil. E também o mais frágil e traiçoeiro.

Não sei precisar em que momento fui confrontada com este cruzamento estelar (e talvez nem tenha sido um momento preciso) mas escolhi o caminho do meio. Consta que é o caminho da verdade! A escolha foi natural e necessária. Não olhei para trás, deixei-me levar pela fluidez da via láctea.

Ainda por muito tempo senti a força que aquela órbita exercia sobre mim, sobre a minha vontade, sobre o meu percurso, sobre os meus desejos, os meus sonhos. Foi-se desvanecendo gradualmente, aos poucos, até ao dia em que me apercebi que já estava mais leve. Estava livre!

Mas as viagens são feitas de surpresas e percalços! Quando já nada indicava nem fazia prever, quando o meu leme já tinha virado 180 graus noutra direcção, quando a nave já tinha sido subtilmente enfeitiçada por outro rumo... surge aquele sorriso no horizonte!

Já viajei tantos quilómetros noutra direcção... Pergunto-me: mas porquê!? Porquê agora?...
Gostava de fechar os olhos e só os abrir quando tivesse uma resposta para o sentido de tudo isto...

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